Moradores de ruas, suas perspectivas e projetos para ressocialização dos invisíveis

Carlos Eduardo Cardoso, é escritor e cientista político, especialista em causa das pessoas em situação de rua há 3 anos. Sua meta é tirar todas as pessoas das ruas de Belo Horizonte, usando para isso a tecnologia social denominada Housing First

 

Este será um espaço onde as questões e a palavra das pessoas em situação de rua do nosso país serão colocadas. Invisibilizadas e emudecidas, a elas não se reconhece direitos e se nega empatia, como se fossem as “genis” de nossas calçadas. Pretendemos demonstrar que as PSR são, antes de mais nada, pessoas como quaisquer outras e que merecem brilhar como todas, porque “gente é pra brilhar e não pra morrer de fome”.

Parece claro, a esta altura, que o abandono das pessoas nas ruas das nossas cidades não é mero efeito colateral do capitalismo neoliberal, mas sim parte do projeto de exclusão e de exploração da massa trabalhadora para o enriquecimento ensandecido de poucos.

O Brasil tinha, em 2022, 236.400 pessoas em situação de rua (Dados de 2022, MDHC)*. Apesar desse número, nada ou muito, muito pouco tem sido feito para tentar reverter este quadro. Agrava-se ainda a situação quando percebemos que o poder público se esconde atrás de uma política de assistência antiquada e comprovadamente ineficaz, responsável pelo escoadouro dos parcos recursos orçamentários destinados à assistência social.

A boa notícia é que a sociedade civil tem, ainda que tímida e desorganizadamente, feito a sua parte. Estamos falando de grupos que se utilizam de métodos mais eficazes, com resultados surpreendentemente positivos, que partem da ideia da desinstitucionalização da assistência social e preconizam a moradia como primeiro passo para a reversão do quadro de situação de rua, com a total assistência de todas as demandas apresentadas pelo assistido, sem qualquer imposição de regras preconcebidas e generalistas.

Sendo assim, agradecemos ao Vai na Fonte a concessão deste precioso espaço e saudamos a possibilidade de nos informarmos e debatermos esta questão que angustia todos nós no dia a dia de nossa cidade.

 

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