O relatório da Polícia Federal revela um plano detalhado de fuga do ex-presidente Jair Bolsonaro, caso houvesse uma intervenção do Supremo Tribunal Federal ou a cassação de sua chapa nas eleições de 2022. O plano, que utilizava técnicas militares e previa o uso de armamentos, foi encontrado no notebook do ex-ajudante de ordens da Presidência, tenente-coronel Mauro Cid.
Os detalhes do plano são descritos em relatório da PF cujo sigilo foi derrubado nesta terça-feira (26/11) pelo ministro do STF Alexandre de Moraes. Trinta e sete pessoas, incluindo o ex-presidente Bolsonaro e 25 militares, foram indiciadas por tentativa de golpe de Estado.
O plano de fuga de Bolsonaro tinha três passos:
Proteção do presidente no Planalto e na Alvorada: haveria a cooptação de militares do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), que, uma vez acionados, ocupariam posições estratégicas nos palácios do Planalto e da Alvorada para auxiliar na exfiltração do então presidente da República;
Condições de ocupar Etta Estrg como forma dissuasória para mostrar apoio ao presidente: a consulta realizada nos repositórios oficiais descreve o termo “Etta Estrg” como uma abreviação para “estrutura estratégica”. São instalações, serviços, bens e sistemas que, se interrompidos ou destruídos, provocarão sério impacto social, ambiental, econômico, político, internacional ou à segurança do Estado e da sociedade;
Montar e operar um Rafe/Lafe para exfiltrar o presidente para o exterior: após garantir a segurança de Jair Bolsonaro, os militares golpistas criariam uma rede de auxílio para acolher o ex-presidente e conduzi-lo para fora do território nacional.
Segundo o Glossário de Termos e Expressões para Uso no Exército (2018), Rafe é a sigla para Rede de Auxílio À Fuga e Evasão. Trata-se de “dispositivo montado em território ocupado pelo inimigo, que visa acolher o fugitivo amigo e conduzi-lo até uma linha de auxílio à fuga e evasão”.
Já o termo Lafe é a sigla para Linha de Auxílio à Fuga e Evasão. É descrito como um “dispositivo montado em território ocupado pelo inimigo que visa dar condições ao evadido de chegar às linhas amigas. Interliga várias redes de auxílio à fuga e evasão”.
“Apesar de não empregado no ano de 2021, o plano de fuga foi adaptado e utilizado no fim do ano de 2022, quando a organização criminosa não obteve êxito na consumação do golpe de Estado. Conforme será descrito nos próximos tópicos, Jair Bolsonaro, após não conseguir o apoio das Forças Armadas para consumar a ruptura institucional, saiu do país, para evitar uma possível prisão e aguardar o desfecho dos atos golpistas do dia 8 de janeiro de 2023 (festa da Selma)”, destaca o relatório da PF.
Portal Metrópoles
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