Florindo Miranda Ciorlin, empresário com poderes para representar o candidato a prefeito de São Paulo Pablo Marçal (PRTB) junto a órgãos do governo federal, ministrou aulas de pilotagem para pilotos ligados ao megatraficante Ary Flávio Hernandes, de acordo com relatório da Polícia Federal (PF), informa Tácio Lorran, do Metrópoles. Além de dar treinamento aos pilotos, Ciorlin teria participado da aquisição e regularização de aeronaves usadas para o tráfico de drogas, utilizando documentos falsos e laranjas para ocultar os verdadeiros proprietários dos jatinhos.
A ligação entre Ciorlin e Marçal é formalizada por meio de uma procuração assinada digitalmente pelo candidato em 28 de outubro de 2021, conferindo ao empresário amplos poderes para atuar em seu nome, inclusive na transferência de uma aeronave. Na época, Ciorlin já havia sido preso pela PF, denunciado pelo Ministério Público e se tornado réu na Justiça Federal, com o processo ainda pendente de julgamento.
Interceptações telefônicas revelam que Ciorlin não apenas aconselhava o grupo criminoso na compra de aeronaves, mas também oferecia aulas para os pilotos do tráfico. Em uma conversa gravada pela PF em março de 2020, Eliseu Hernandes, pai de Ary Flávio Hernandes, solicita que Ciorlin acompanhe um dos pilotos do grupo para ensinar “macetes” de pilotagem. Dias depois, o empresário leva Eliseu de carona até São José do Rio Preto (SP) para acompanhar a entrega de uma aeronave e realizar um voo de instrução.
Em outra interceptação, Eliseu descreve um dos pilotos como um “cara grandão barbudo”, identificado pela PF como Douglas Rezende de Mattos. Três meses após esse diálogo, em junho de 2020, Douglas foi preso pela Força Aérea Brasileira (FAB) enquanto pilotava uma aeronave com 491 quilos de cocaína. O jatinho havia sido intermediado por Ciorlin e partira de Itaituba (PA), com destino a uma fazenda em Mato Grosso.
Florindo e seu irmão, Ewerton Ciorlin, foram alvos da Operação Grão Branco, deflagrada pela PF em abril de 2021, que desmantelou a organização criminosa de Ary Flávio Swenson Hernandes, suspeito de traficar mais de cinco toneladas de drogas. Apesar das evidências, a defesa de Florindo alega que suas atividades eram legais e restritas à assessoria aeronáutica.
Segundo o advogado Henrique Tremura Lopes, que representa o empresário, Ciorlin apenas prestava serviços profissionais de compra e venda de aeronaves, sem envolvimento com o grupo criminoso. “Eles prestam assessoria da forma como prestam a qualquer cliente”, afirmou.
A assessoria de Pablo Marçal também negou qualquer envolvimento pessoal com Florindo, destacando que a relação entre ambos se limita a um contrato profissional para transferência de aeronaves.
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