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Maiores construtoras do país estão há quase 10 meses sem pagar fornecedores em obra de mineradora

O Consórcio Araguaia, formado pelas construtoras MIP/Milplan, está sendo acusado de deixar seus fornecedores na mão: eles não recebem há dez meses, com uma dívida acumulada estimada em cerca de R$ 100 milhões. Essas duas construtoras estão entre as maiores do país e são encarregadas de construir o forno da Mineradora Horizonte, em Conceição do Araguaia, no Pará.

De acordo com informações de sócios de empresas que fornecem materiais e equipamentos para o Consórcio, as construtoras apresentaram propostas financeiras abaixo do valor necessário para executar a obra, o que resultou em prejuízos e impossibilidade de honrar os compromissos.

De acordo com relatos de um colaborador, que solicitou sigilo, as dívidas das construtoras junto à sua empresa chegam a mais de R$ 5 milhões.  Ele conta que o consórcio quer dividir os prejuízos com os fornecedores, que nada têm a ver com o péssimo negócio.

“Em função dos problemas que tiveram na obra, alegam que não estão recebendo da Horizonte, e com isso estão sem pagar fornecedores, sem qualquer perspectiva de pagamento. E parece que a estratégia é realmente não pagar os colaboradores, uma vez que as empresas Milplan e MIP, até o momento, não aportaram recursos para cobrir os prejuízos”, relata.

As construtoras reconhecem o perrengue dos parceiros comerciais, mas responsabilizam a mineradora pela inadimplência. Em nota, o consórcio afirma que, em novembro de 2023, a Horizonte suspendeu o contrato de forma unilateral, gerando prejuízos financeiros. Portanto, as construtoras estariam com seus recebimentos suspensos.

As empresas reiteram que estão em negociações com a mineradora para resolver essa questão, de modo a encontrar uma solução que respeite os direitos de todos os afetados.

A Milplan faturou 900 milhões em 2022, o que a colocou no 3º lugar das maiores empresas do setor. A MIP, por sua vez, faturou no mesmo ano 780 milhões, ficando em 4º lugar.

A mineradora Horizonte, atuante no ramo do níquel, contratou as empresas MIP Engenharia e Milplan Engenharia em 2022. A previsão era de que as obras fossem concluídas este ano com um custo de US$ 633 milhões, mas os recursos não foram suficientes. No ano passado, foram aportados outros quase US$ 100 milhões e as obras ainda estão longe de serem concluídas.

Sobre o autor

Rodrigo Lopes

Jornalista com passagens pelo jornal O Globo, Correio Braziliense, Jornal do Brasil, Record TV, Hoje em Dia e IstoÉ.

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