A Polícia Federal prendeu neste sábado o general da reserva Walter Braga Netto, que foi candidato a vice na chapa de Jair Bolsonaro (PL) em 2022. Ele é foi indiciado no inquérito que apura uma trama golpista. A Polícia Federal realiza buscas na casa dele.
O depoimento de Mauro Cid ao ministro Alexandre de Moraes, há acusações de que o general Walter Braga Netto teria entregue dinheiro a militares para executar um plano chamado “Punhal Verde e Amarelo”. Este suposto plano visava assassinar o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente Geraldo Alckmin, e o próprio ministro do STF. Braga Netto foi candidato a vice de Jair Bolsonaro na eleição de 2018.
A operação da Polícia Federal resultou na prisão de militares das Forças Especiais do Exército e de um agente da própria PF, todos acusados de envolvimento no plano golpista. Além disso, Jair Bolsonaro e outras 37 pessoas foram indiciadas sob a acusação de tramar um golpe de Estado, utilizando estratégias como incitação de manifestações golpistas e a decretação de estado de sítio ou defesa.
Mauro Cid, que já havia sido preso e solto após firmar um acordo de delação premiada, correu o risco de perder os benefícios desse acordo. Isso se deve à suspeita de que ele teria conhecimento do plano de assassinato e poderia ter omitido informações em depoimentos anteriores. Este caso ressalta a complexidade e a seriedade das investigações em curso sobre ameaças à democracia no Brasil.
Ao ser confrontado por Moraes sobre o plano, Cid teria chorado e revelado que presenciou Braga Netto entregando dinheiro escondido em embalagens de vinho aos “kids pretos” envolvidos na trama. Segundo ele, a entrega ocorreu em uma das residências oficiais da Presidência da República.
Novo depoimento à PF
Nesta quinta-feira (5), Mauro Cid prestou um novo depoimento à Polícia Federal e reforçou a participação de Braga Netto na trama golpista liderada por Jair Bolsonaro.
Braga Netto aprovou plano para matar Lula, Alckmin e Moraes
O general Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e da Casa Civil no governo Bolsonaro e candidato a vice do ex-presidente na eleição de 2022, foi o responsável por aprovar o plano elaborado por militares golpistas para assassinar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Quem diz é a Polícia Federal (PF) no relatório final do inquérito sobre a tentativa de golpe de Estado no Brasil, cujo sigilo foi derrubado por Moraes nesta terça-feira (26), mesma data em que o documento com mais de 800 páginas foi encaminhado à Procuradoria-Geral da República (PGR), que deve apresentar um parecer denunciando ou não os investigados para que, então, o STF possa julgá-los.
Segundo os investigadores, Jair Bolsonaro e as outras 37 pessoas indiciadas pela PF planejaram um golpe de Estado no país após a vitória de Lula na eleição de 2022 que incluiria várias frentes, entre elas a incitação de manifestações golpistas, a decretação de um estado de sítio ou de defesa e até mesmo uma “operação” para assassinar autoridades. Essa operação, batizada de “Punhal Verde e Amarelo”, seria executada por oficiais das Forças Especiais do Exército, os chamados “kids pretos”.
O general Mario Fernandes, secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência no governo Bolsonaro e ex-comandante do Comando de Operações Especiais do Exército, teria sido o responsável por elaborar, em novembro de 2022, o plano para assassinar Lula, Alckmin e Moraes. Ele foi preso na recente operação “Contragolpe” da PF junto a outras 4 pessoas – três militares kids pretos e um agente da Polícia Federal.
No relatório final do inquérito, a PF traz detalhes sobre a operação criminosa: em 8 de novembro de 2022, militares investigados teriam começado a discutir o plano. No dia seguinte, Mario Fernandes teria impresso um documento sobre o “Punhal Verde e Amarelo” em uma impressora do Palácio do Planalto e, depois, o levado até Jair Bolsonaro no Palácio da Alvorada. O documento em questão continha explicações sobre como os assassinatos seriam realizados e a estrutura e logística que seriam necessárias para o cometimento do crime. Tudo isso, depois, viria a ser apresentado e aprovado por Braga Netto.
“No dia 08/11/2022, os investigados ajustaram a elaboração de um planejamento operacional para ações de Forças Especiais a ser apresentado para o general BRAGA NETTO. O documento denominado ‘punhal verde amarelo’ foi elaborado e impresso no dia 09/11/2022, no palácio do Planalto, pelo Secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência, general MARIO FERNANDES”, diz trecho do relatório da PF.
“O documento descreve o levantamento da estrutura de segurança do ministro ALeXANDRE DE MORAES, os meios que deveriam ser empregados e a ação final de prisão/execução do ministro. O planejamento também estabelece a possibilidade, dentre as ações dos ‘Kids Pretos’, de assassinarem o então presidente eleito LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA, por envenenamento ou uso de químicos, e o então vice-presidente eleito GERALDO ALCKMIN, com a finalidade de extinguir a chapa presidencial vencedora. Após a elaboração do documento, MARIO FERNANDES se deslocou até o palácio do Alvorada, local em que estavam o então presidente JAIR BOLSONARO e seu ajudante de Ordens MAURO CESAR CID”, prosseguem os investigadores.
Na sequência, a PF relata que, em reunião com militares golpistas em sua casa em Brasília, Braga Netto aprovou o plano para assassinar Lula, Alckmin e Moraes.
“No dia 12 de novembro de 2022, MAURO CESAR CID, o Major do exército RAFAEL MARTINS DE OLIVEIRA, o Tenente-Coronel FERREIRA LIMA e o General BRAGA NETTO reuniram-se na residência funcional do General para apresentarem o planejamento das ações clandestinas com o objetivo de dar suporte às medidas necessárias para tentar impedir a posse do governo eleito e restringir o exercício do Poder judiciário. Após a aprovação do documento, iniciaram-se as ações clandestinas para implementação do planejamento operacional, além de condutas voltadas a orientar e financiar as manifestações que pregavam um Golpe Militar para manter o então Presidente da República JAIR BOLSONARO no poder”, detalha a PF.
“No dia 12/11/2022 ocorre a reunião na residência de BRAGA NETTO, contando com a presença de MAURO CID, RAFAEL DE OLIVEIRA e HÉLIO FERREIRA LIMA, onde o planejamento é apresentado e aprovado conforme o transcorrer dos fatos a seguir descritos”, emendam os investigadores no relatório.
Segundo a PF, o plano de assassinato de Lula, Alckmin e Alexandre de Moraes foi abortado em 15 de dezembro de 2022 devido a circunstâncias externas, como a resistência de comandantes militares em apoiar o golpe, a conclusão antecipada de uma sessão do STF e a falta de coesão entre os envolvidos. Apesar de ações clandestinas, como o monitoramento dos alvos, o plano foi inviabilizado.
Linha do tempo
Veja abaixo um resumo com datas e detalhes sobre o plano para matar Lula, Alckmin e Moraes aprovado pro Braga Netto, segundo a PF:
08/11/2022: Planejamento inicial
Os investigados discutem um planejamento operacional para ações de Forças Especiais.
Objetivo: Apresentar o plano ao general Braga Netto, que já havia desempenhado papel próximo a Bolsonaro durante o governo.
09/11/2022: Elaboração do documento “Punhal Verde e Amarelo”
Documento é elaborado no Palácio do Planalto pelo general Mario Fernandes, secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência e ex-comandante do Comando de Operações Especiais do Exército.
Conteúdo: descrição da estrutura de segurança do ministro Alexandre de Moraes; propostas de prisão ou execução de Moraes; planejamento para assassinar Lula e Alckmin, com métodos como envenenamento ou uso de químicos.
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