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Sociedade de Ronaldo Fenômeno com o Cruzeiro impede-o de ser candidato à presidência da CBF

Sócio de Gabriel Jesus, Ronaldo tem empresa de gestão de capital com mais de 20 jogadores como clientes. Ele diz estar ciente das limitações

Ronaldo Nazário, o “Fenômeno”, reconhecido como um dos maiores jogadores da história do futebol. Sua trajetória é marcada por feitos inigualáveis, tanto nos clubes onde atuou, como Barcelona, Inter de Milão, e Real Madrid, quanto na Seleção Brasileira, onde conquistou títulos mundiais e se consagrou como um dos maiores artilheiros da Copa do Mundo. No entanto, à medida que sua candidatura à presidência da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) se aproxima, surge uma questão crucial: os vínculos empresariais e comerciais de Ronaldo representam um obstáculo à sua elegibilidade, conforme as rígidas regras de governança da entidade?

Desde 2021, o ex-jogador mantém laços estreitos com o Cruzeiro Esporte Clube, no qual adquiriu participação majoritária. O contrato de Ronaldo com o clube mineiro é longo, com vigência até 2035, o que cria um aparente conflito com a função de presidente da CBF, cujas responsabilidades exigem imparcialidade na gestão do futebol brasileiro. Além disso, sua atuação como sócio de Gabriel Jesus, atacante do Arsenal, e o envolvimento em diversos negócios ligados à carreira de jogadores profissionais complicam ainda mais sua situação.

O Código de Ética da CBF: regras de conflito de interesse

O Código de Ética e Conduta da CBF estabelece que seus dirigentes devem evitar qualquer situação que possa gerar conflito de interesse, ou seja, qualquer vantagem econômica pessoal ou para terceiros que seja decorrente de suas funções dentro da Confederação. Dentre as diretrizes principais, destacam-se as proibições que envolvem a participação em direitos de imagem de atletas, a gestão de clubes de futebol, e o envolvimento com empresas que possam se beneficiar da atuação da CBF. Essas regras foram desenhadas para garantir a transparência e a imparcialidade nas decisões da entidade.

O desafio para Ronaldo surge justamente com seus vínculos empresariais. Ele é cofundador da Galáticos Capital, uma empresa especializada na gestão patrimonial de atletas, a qual assessora atualmente 29 jogadores, entre eles nomes de peso como Cássio Ramos (Cruzeiro), Hernane Brocador e Dodô (Fiorentina), além de gerenciar a carreira de Gabriel Jesus. A atuação de Ronaldo nesse campo levanta sérias questões sobre sua capacidade de ser imparcial em decisões que envolvem jogadores que podem integrar a Seleção Brasileira, o que contraria a natureza do Código da CBF.

Patrocínios e apostas: outro ponto de controvérsia

Outro aspecto problemático envolve os contratos de patrocínio. Ronaldo, atualmente embaixador da plataforma de apostas Betfair, se vê em um cenário de conflito com o contrato firmado pela CBF com a Betano, patrocinadora do Campeonato Brasileiro desde 2024. O Código de Ética da Confederação proíbe que seus dirigentes promovam marcas concorrentes, e essa sobreposição de interesses pode dificultar a candidatura do ex-jogador.

Além disso, a venda do Cruzeiro para a BPW Sports Participações coloca Ronaldo como credor fiduciário do clube, com direitos que se estendem até 2035, o que reforça a complexidade de sua situação empresarial. A transparência em relação a esses contratos será fundamental para evitar que sua influência no futebol brasileiro seja interpretada como uma forma de vantagem pessoal.

O papel da Comissão de Ética da CBF

A Comissão de Ética da CBF terá um papel decisivo ao avaliar a viabilidade da candidatura de Ronaldo. Será necessário verificar se ele pode equilibrar sua vasta rede de interesses empresariais com as exigências de ética e imparcialidade impostas pelo Código da CBF. A pressão será grande, tanto do ponto de vista público quanto institucional, para que a Confederação assegure que a presidência seja ocupada por alguém que não tenha conflitos de interesse.

A candidatura de Ronaldo como um teste de imparcialidade no futebol brasileiro

A candidatura de Ronaldo à presidência da CBF é, sem dúvida, um capítulo importante na história recente do futebol brasileiro. Embora sua trajetória como jogador e sua visão empresarial tenham sido bem-sucedidas em vários aspectos, os desafios legais e éticos que ele enfrenta podem ser determinantes para sua candidatura. O futebol brasileiro, que já atravessa diversos desafios de gestão e transparência, precisa garantir que a Confederação seja conduzida por alguém que esteja acima de qualquer dúvida sobre imparcialidade.

Cabe à CBF e à sua Comissão de Ética decidirem se Ronaldo consegue, de fato, separar sua história no futebol das influências de seus negócios, ou se sua eleição comprometeria os princípios que a entidade busca assegurar.

Com Informações Metrópoles

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